terça-feira, 4 de outubro de 2016

DISCURSO DE FORMATURA DA PRIMEIRA TURMA DO CURSO EAD DE LETRAS DA UFF

           Prezados colegas, parentes orgulhosos, caros professores, caras professoras, ilustríssimo Presidente do Consórcio Cederj, ilustríssima Diretora Acadêmica do Cederj, Sra. Diretora do Instituto de Letras da UFF, Sra.  Coordenadora do curso, Sra. Vice-Coordenadora do curso e Excelentíssimo Senhor Reitor:

Não é tarefa simples redigir um texto para que seja lido em voz alta numa situação comunicativa tão importante, pois, apesar de o discurso de formatura ser um gênero textual altamente monitorado, e apesar de a escrita ser muito diferente da fala por, entre várias razões, permitir um grau muito mais elevado de premeditação, nem sempre sabemos quando as palavras vão nos trair.  Escolher o que dizer faz com que se escolha o que não será dito, porque toda seleção pressupõe uma exclusão, de modo que, quando dizemos A, deixamos de dizer B.  Decidimos declarar que esta cerimônia é como o pouso de Pégaso, feito após um longo voo, durante o qual batemos as asas com todas as forças.
Finalmente chegamos aqui: meta alcançada, dever cumprido. Agradecemos a todos e todas: às professoras doutoras, aos professores doutores, às mestras, aos mestres, aos tutores, às tutoras, às funcionárias e aos funcionários de apoio e familiares, pessoas que tornaram possível nossa caminhada.  A essas pessoas nos dirigimos agora para dizer: muito, muito obrigados.
Que este momento fique marcado na memória dos que vieram.  Para isso, levantaremos três temas centrais: 1º: a qualidade dos ensinos fundamental, médio e superior; 2º: a democratização do ensino superior, para a qual contribuíram os cursos da modalidade EAD; e 3º: a superação, que inevitavelmente se mistura com o segundo assunto.
No Brasil, um país de treze milhões de analfabetos, quando se fala em qualidade de ensino, ninguém questiona a superioridade das universidades públicas, que, como sabemos, não cobram mensalidades.  A elevação da qualidade da educação básica da rede pública depende, e muito, do que acontece no ensino superior, porque é da universidade que saem os professores que podem fazer a diferença na vida dos estudantes espoliados e condenados à pobreza dos bairros onde ficam muitas escolas públicas.  Isso significa que, se os professores universitários, os lentes, querem mais alunos nos campi daqui a, por exemplo, dez anos, não podem esperar que a educação básica forme esses alunos sozinha, porque a melhoria dos ensinos fundamental e médio começa no campus, e não na educação básica.  É aqui que as professoras e os professores devem se munir com duas coisas: habilidades, que exigem treinamento e condicionamento, e conteúdos, que exigem memória e constantes leituras, leituras para as quais infelizmente não há boas bibliotecas nem bibliotecários profissionais nas escolas, quer sejam escolas públicas, quer sejam escolinhas particulares de franquias famosas.  Em outras palavras: é o ensino superior que deve garantir primeiro a qualidade do ensino básico, e não o contrário; e, quando sairmos deste auditório, poderemos começar a fazer isso: poderemos transformar o mundo das escolas públicas do estado do Rio, cujo governo, como diria Camões, caiu no engano ledo e cego.  Acreditando em Paulo Freire, admitimos que mudar é difícil, mas não impossível.
Entramos agora no segundo tema deste discurso: a democratização do ensino superior, democratização para a qual contribuíram os cursos EAD. 
Ninguém há de negar que, em nosso país, ocorre o que uns chamam de democratização e, outros, de massificação do ensino superior.  Apesar de hoje haver mais oportunidades para a classe baixa chegar à universidade pública, cujo ensino ainda é muito melhor que o da particular, alunos assalariados, talvez a maioria dos trabalhadores que ingressam no ensino superior, infelizmente, matriculam-se em instituições que cobram mensalidades.  É triste ver que os que menos podem gastar com a educação formal são os que enchem os bolsos das empresas, cada vez mais bem estabelecidas e difundidas.
É muito dura a realidade do estudante matriculado em universidade privada.  Enfrenta ele duas jornadas de trabalho, porque estudo, assim como a venda de um serviço por remuneração, é trabalho; e mesmo que outra pessoa pague as mensalidades por ele, alguém está pagando para que outro alguém trabalhe.  E, no fim, dependendo do curso, o diploma não terá o peso equivalente ao de um que tenha sido concedido por uma universidade pública.
Muitos e muitas de nós tiveram de vender a força de trabalho em atividades não necessariamente ligadas ao curso de Letras, embora outros tenham conseguido atuar voluntariamente em sala de aula graças ao tempo que o curso EAD proporcionou.  O curso a distância permitiu que passássemos menos tempo no campus ou no polo e mais tempo em outras atividades.  Por isso o ensino a distância deve ser defendido, ainda que as circunstâncias que permitiram a ascensão dele sejam do interesse do capitalismo, que obriga o universitário brasileiro a se preocupar com o lado material da vida, o que não permite que ele tenha aquele que deveria ser o seu único trabalho: o de estudar.  Contudo, o EAD e o Cederj podem e devem ser defendidos, principalmente em tempos de cortes de verbas.  E não dizemos isso só porque o mercado de trabalho e o serviço público são carentes de professores, mas também pelo fato de nosso curso ser de altíssima qualidade, graças às suas características únicas, das quais falaremos mais adiante.  Pode ser que um dia a nossa modalidade de ensino, prevista pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação em nome da universalização do ensino, seja facultativa e escolhida unicamente por suas enormes vantagens, e não pela necessidade de conciliar as vidas acadêmica e profissional, das quais a última ainda é imperativa.  Sem o curso EAD, e sem o suporte da UFF e do Cederj, não estaríamos nos formando.  No caso específico de algumas mulheres, devemos ressaltar a tripla jornada de trabalho, porque temos formandas que se tornaram mães durante a graduação e não abandonaram os estudos.
No fim, conseguimos enfrentar duas, ou, como ficou dito, três jornadas de trabalho.  Isso seria quase ou totalmente inviável num curso presencial.  Daí a valorização do EAD: ele é mais flexível.  E, apesar de não podermos viver no campus com o lado material e financeiro da vida garantido com excelentes bolsas, coisas que são ideais justamente por existirem só na ideia, pelo menos NÃO pagamos para trabalhar.  Com a inevitável repetição, vejamos o seguinte raciocínio:
premissa maior: estudo é trabalho;
premissa menor: o universitário de instituição particular paga para estudar;
logo (e esta é a única conclusão possível), ele paga para trabalhar.
Curiosamente, o sentido que damos à palavra estudo é apagado por outros, e esses outros são mais evidentes por estarem de acordo com a ideologia dominante.  No entanto, estudando Análise do Discurso de linha francesa, aprendemos que o sentido sempre pode ser outro, e que portanto podemos resistir a falsas verdades.  Assim, o sentido etimológico da palavra escola, que é lugar de ócio, só é único quando nos limitamos a entender que a instituição de ensino é espaço exclusivo dos que não têm de fazer o trabalho mais pesado, destinado sempre aos que estão na base da pirâmide social, como na Grécia antiga.  Se aceitarmos isso como verdade inquestionável e naturalizada, os campi não serão faculdades nem facultativos: serão um privilégio para os que têm ócio, ou seja: para os que têm tempo livre por falta de trabalho, como se estudo não fosse trabalho, quando na verdade é, ainda que o senso comum não torne isso evidente. 
Não podemos dizer que os colegas do curso presencial não lidaram com privações só porque supostamente tiveram como únicos trabalhos as obrigações acadêmicas.  Afinal, a vida não é fácil para ninguém, e nós somos a prova inegável disso — nós, que nos superamos para chegar onde estamos.  A superação, porém, só foi possível porque houve as oportunidades, e justamente por isso estão misturados os dois últimos temas principais de que falamos.
Temos muito que comemorar por dois motivos.  O primeiro, como eu já disse, é que não pagamos mensalidades para estudar, ou seja: não pagamos para trabalhar, e isso, hoje, é revolucionário, porque, não bastasse testemunharmos o crescimento da privatização e da mercantilização do ensino universitário, um veículo de comunicação, usando a função apelativa da linguagem, já se mostrou favorável à extinção da gratuidade do ensino superior.
O segundo motivo para comemoração são as características únicas e as vantagens de nosso curso.  Tudo isso se comprova com o excelente material didático que recebemos de graça (com a exclusão do fato de que no Brasil se pagam muitos impostos, é claro).  Ficou dito que os professores e as professoras devem se munir com habilidades e conteúdos. Pois bem: podemos ler e reler nossas aulas, que o vento não leva.  Talvez isso também aconteça no curso presencial, mas, se isso é verdade, o mérito é do curso EAD, cujas aulas agora podem ser uma referência para a outra modalidade.  Na condição de mestrando, usarei as aulas como fontes de pesquisa.  Foram elaboradas, em sua grande maioria, por professores da UFF.  Sendo assim, o fato de nos formarmos aqui não pode ser o único motivo de comemoração: a própria modalidade de ensino também é: ela permite que o conhecimento não fique preso dentro das paredes da sala de aula.  E isso se confirma também quando lembramos que nosso curso preza a formação de bons leitores e bons redatores; e, embora não haja a intenção de formar literatos, há entre nós um escritor muito premiado, que pôde se enriquecer durante o curso.  Se hoje sabemos elaborar planos de aula com pré-requisitos, objetivos gerais, objetivos específicos, atividades e referências bibliográficas; se hoje sabemos que, embora o professor de língua não seja obrigatoriamente um linguista por não ser necessariamente um produtor de conhecimento científico; se hoje sabemos da importância de estar em dia com a ciência por meio da leitura dos textos de divulgação científica, devemos tudo isso às professoras e aos professores que redigiram as aulas do nosso curso, implementado graças aos esforços das professoras Rosane Monnerat, Jussara Abraçado e Maria Lúcia, lideradas pela professora Lívia Reis.  Como pianistas que se desdobram para inserir todas as notas usando todas as teclas, inseriram o máximo de conteúdo em suas aulas. 
Finalmente estamos chegando à conclusão desta mensagem.  Sabemos que ela é um discurso porque, sendo um objeto simbólico constituído de signos linguísticos da nossa língua materna, o sentido que ela contém é um efeito da interação.  Do ponto de vista da linguística textual, contém início, meio e fim; do ponto de vista discursivo, porém, esta mensagem é incompleta.  Quando a leitura em voz alta chegar ao fim, não estará na memória dos ouvintes por inteiro, e por isso haverá deslizamentos ou desvios de sentido, o que é normal.  Quero lembrar, no entanto, que, no início, foi dito que, quando dizemos A, deixamos de dizer B.  Escolhemos o que dizer, e escolhemos o que não diríamos.  Hoje, seria muito infeliz o uso da frase Ao vencedor as batatas, que, no romance Quincas Borba, de Machado de Assis, resume algo abominável: a sobrevivência do mais forte, um fantasma do século XIX que permeia e assombra o século XXI.  Sozinho, sou mesmo fraco, mas, com a ajuda de meus amigos e minhas amigas, aos quais sou muito grato, pude vir a este auditório na condição em que muitos eles se encontram: a de formando.
Para a totalidade dos formandos e das formandas, significa muito a conclusão de um curso numa universidade pública, muito mesmo. É particularmente significativo para os que, como eu, são de origem humilde.  Sei bem que, se tivesse nascido em outra época, eu não estaria aqui.  Talvez tivesse um destino semelhante ao de meu avô materno, que não pôde concluir o ensino fundamental, e, para sustentar a mulher, cinco filhas e um filho, passou boa parte da vida enfrentando duas jornadas de trabalho: a de ferroviário e a de vendedor de picolé.  Talvez eu tivesse sorte idêntica à de minha avó paterna, que era analfabeta.  Lavava roupas para garantir renda, e a partir de um certo tempo não pôde contar com o marido, que a abandonara sem se preocupar com a filha e o filho que ainda dependiam dos pais, os mais novos de um total de oito filhos.
Por fim, peço que divulguemos o nosso curso e a forma de ingresso aos que não conhecem nem uma coisa nem a outra.  Essa é uma forma de mudar o status quo para melhor.  É pela vontade de transformar a sociedade que devemos utilizar os conhecimentos e as habilidades que construímos nestes quatro anos e meio, e não só pela nossa própria ascensão social, porque lá fora existem pessoas tão inteligentes e talentosas quanto nós ou até mais, à espera de uma oportunidade idêntica a esta, que nós agarramos.  É nossa responsabilidade criar possibilidades de ascensão social e educação para elas.
Muito obrigado.
                              
Márcio Alessandro de Oliveira.  Teresópolis, 29/9/2016.  (Últimas alterações feitas em 3/10/2016, data da formatura, realizada em Niterói, no Auditório Macunaíma, Bloco B, campus Gragoatá.) 

domingo, 8 de março de 2015

PERGUNTA À POLÍCIA MILITAR

       Por que existem operações (leia-se: tiroteios) contra o tráfico de drogas apenas onde há pobres? Por que não invadem e não exterminam os usuários e traficantes de drogas das classes média e alta, cujo poder de compra é muito maior? É a imprensa que só mostra as ações policias em lugares pobres? Ou é a polícia que não prende os bandidos ricos?

(Duque de Caxias, em 28/2/2015, no Facebook.)

STAR WARS PARA LEIGOS

       Não deve ler este resumo quem viu e entendeu todos os filmes de Star Wars.  Mas, se você, que está lendo isto agora, confunde Jornada nas Estrelas com Guerra nas Estrelas, deve ler até ao fim.
       É preciso entender que Star Trek (Jornada nas Estrelas) nada tem que ver com Star Wars: esta série surgiu depois.  Em 1977 foi lançado o primeiro filme, que ao Brasil chegou em 1978.  Aqui recebeu o título Guerra nas Estrelas.
       Esse primeiro filme era, na verdade, o quarto episódio de uma série.  Era vontade de George Lucas, autor e diretor do filme, dar à película o subtítulo Episódio IV, mas a Fox não permitiu, pois achou que o público ficaria confuso.  Afinal, não havia filmes anteriores.
       Vieram duas continuações; assim, fez-se uma trilogia.  O segundo filme (de 1980) recebeu o subtítulo Episódio V, e o terceiro (de 1983), o subtítulo Episódio VI.  Em 1999, foi aos cinemas o Episódio I, sucedido pelos episódios II e III nos seis anos seguintes.

Star Wars: Episódio I: A Ameaça Fantasma

       Este filme, assim como os outros, NÃO se passa no futuro: sua história foi "há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante".  Nessa galáxia, há um regime político extremamente falho e corrupto: a República, com os três poderes: o executivo, na figura do Chanceler Supremo (na prática, um presidente) e na figura dos chefes dos sistemas e planetas (democraticamente eleitos), o legislativo, que exercem os senadores, e o judiciário.  
       A República era protegida pelos Cavaleiros Jedi, guardiões da paz e da justiça que usavam a Força, energia que lhes dava onisciência, premonições e a capacidade de mover objetos sem tocá-los.
       O pequeno planeta Naboo sofreu um bloqueio ilegal arbitrariamente imposto pela Federação do Comércio, armada até aos dentes.  A rainha, eleita pelo povo, não aceita.  Tudo teria sido resolvido por dois cavaleiros Jedi, Qui-Gon Jinn e seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, se estes não tivessem sofrido uma tentativa de assassinato na sede da Federação.  Depois de escaparem, tiram a rainha do planeta e vão, numa fuga muito perigosa, ao planeta Tatooine, destino indesejável em que acham um garoto especial de dez anos chamado Anakin Skywalker.  O mestre Jedi da dupla percebe que a Força é poderosa no garoto e decide treiná-lo.  Tomada a decisão, encontram um Sith, guerreiro de uma ordem que quer a destruição de todo Jedi.  Quando chegam à capital da República para denunciar ao congresso os abusos da Federação, a Rainha percebe que o senado, corrupto, não acredita nela.  Por sua vez, o Conselho Jedi, que valoriza muito as opiniões de mestre Yoda, um alienígena baixinho e verde com mais de 900 anos de idade, nega-se a aceitar Anakin por ouvir do ancião verde que o menino poderia ir para o lado negro da Força, embora ele possa ser o Escolhido, um sensitivo à Força de que fala uma antiga profecia.
       No fim, a Federação é derrotada, o mestre Qui-Gon Jinn morre lutando contra o Sith, chamado Darth Maul, e Anakin se torna discípulo do ex-aprendiz de Qui-Gon, Obi-Wan.  Ninguém sabe se o Sith derrotado era mestre ou aprendiz.  O provável era que o mestre de Darth Maul estivesse vivo, despercebido e inatingível como um fantasma...

       Ponto importante: O supremo chanceler é deposto e em seu lugar fica o senador Palpatine, do planeta Naboo (o mesmo planeta que sofreu o bloqueio da Federação do Comércio).

Star Wars: Episódio II: Ataque dos Clones

       Dez anos depois dos abusos da Federação, a República enfrenta um movimento separatista (de que faz parte a citada Federação), que pode usar  armas para estabelecer um novo governo.  O senado amplia os poderes do chanceler, que usa um exército de clones misteriosamente encomendado dez anos atrás para proteger a República.  Começa, assim, uma guerra civil que fará com que o senado perca muitos poderes.  Antes dela, o vaidoso e destemperado Anakin vê a mãe morrer na vida real (ele já previa a morte dela em sonhos).  Depois do início da guerra, casa com a senadora Padmé Amidala, ex-rainha de Naboo, ato proibido pelo Conselho Jedi, que não toma conhecimento do fato.
       
       Detalhes interessantes: 
       1.  Mostra-se a planta de uma construção esférica que é idêntica a uma estação espacial presente nos episódios III e IV.
       2.  O chanceler Palpatine diz assumir com "pesar" os poderes a ele concedidos pelo senado.  "Eu amo a República", diz ele, "eu amo a democracia".  Com isso tentou expressar que lamentava entrar em guerra.  Esse discurso é hipócrita: não convence mestre Yoda; e pode ser visto como crítica a Bush, que levou os E.U.A. à guerra contra o Iraque (o filme foi lançado em 2002).

Star Wars: Episódio III: A Vingança dos Sith

       Três anos após o início da Guerra dos Clones, ela está perto do fim.  No entanto, a Constituição foi dilacerada: fizeram-se muitas emendas, de modo que o chanceler se tornou muito poderoso e autônomo, características necessárias à rápida tomada de decisões de guerra, mas perigosas para a democracia.  A República se tornou o mal que ela jurara combater: a guerra enfraqueceu-a enquanto o chanceler Palpatine se fortaleceu.  O Conselho Jedi decide que, finda a guerra, ele será deposto; entretanto, Palpatine, com mentiras e veneno, manipula Anakin, que fica confuso e dividido.  O jovem Skywalker decide confiar no chanceler, pois só ele pode evitar que sua esposa, que está grávida, morra como acontece nos sonhos premonitórios que tem...
       Terminada a guerra, o chanceler, cujas decisões causaram a derrota dos separatistas, declara-se imperador e recebe o apoio do senado.  Todo Jedi é procurado e, quando achado, destruído por traição.
       No planeta vulcânico de Mustafar, Anakin luta com seu mestre, Obi-Wan, e tem as pernas e um braço cortados e o corpo carbonizado.
       O Imperador, que é o mestre Sith misterioso, a ameaça fantasma do Episódio I, tem um discípulo, que ajudou a aniquilar a ordem Jedi: Darth Vader, que não sabe que Padmé Amidala, mulher de Anakin, deu à luz o filho de Skywalker, Luke, antes de morrer de desgosto.
       Leia é adotada por Bail Organa, senador de Alderaan, e Obi-Wan Kenobi leva Luke para Tatooine, para o menino ser criado pelos tios sob a distante e discreta vigilância de Kenobi.
       
       Informação interessante: No DVD, há três cenas de cunho político muito reveladoras (que infelizmente foram excluídas do filme definitivo): em uma ou duas delas, um grupo de senadores pede que Padmé faça parte de uma ALIANÇA de senadores cujo objetivo deverá ser apenas garantir que o chanceler se comprometa formalmente a devolver os poderes que acumulou em virtude da guerra.  Isso, para o grupo, não é o mesmo que se unir ao combatido movimento separatista.  Na outra cena, o grupo, liderado pela senadora de Naboo, vai ao gabinete do chanceler para pedir que ele assine um acordo pelo qual ele iria se comprometer a restaurar a democracia depois da guerra, para que não fosse implantada uma ditadura civil que comandasse as forças militares.  O chanceler, porém, recusa-se a assinar o que for e diz que um compromisso feito de viva voz é suficiente para os senadores confiarem nele. 

Star Wars: Episódio IV: Uma Nova Esperança

       Dezenove ou vinte anos depois do surgimento do temível Império Galáctico, a Aliança Rebelde, também conhecida como a Aliança de Restauração da Velha República, ou simplesmente a Aliança, um grupo de subversivos que luta contra o Império, obtém dados técnicos da Estrela da Morte, uma estação espacial esférica do tamanho de uma lua capaz de destruir um planeta inteiro.
       À frente do roubo de dados esteve a princesa Leia Organa (que também é senadora do planeta Alderaan).  Infelizmente, Darth Vader, o mesmo Lord de Sith que assassinara cavaleiros Jedi, sequestrou a nave Tantive IV, em que Leia fugia.  Antes, porém, de encarar Vader, a princesa guarda os dados da Estrela da Morte na memória do robô R2-D2, que, acompanhado por C-3PO, vai a Tatooine, à procura de Obi-Wan Kenobi.
       Os robôs vão parar na fazenda de Luke Skywalker, que os leva ao velho Jedi.  Com a ajuda do rapaz e do contrabandista Han Solo e seu companheiro, Chewbacca, o velho toma o caminho para Alderaan, onde entregaria os planos da Estrela da Morte ao pai de Leia.  No entanto, o planeta havia sido destruído pela estação, e a nave de Solo é puxada pelo raio de tração da Estrela da Morte.  
       Nela, Kenobi enfrenta Vader, e Luke, Han, Chewbacca, R2-D2 e C3PO resgatam Leia.  Livre, a princesa se dirige à base secreta da Aliança, que fica numa lua de Yavin (Yavin 4), onde se analisam os dados da Estrela da Morte e se acha um ponto fraco, que, depois de atingido por um tiro de Luke, que usa a Força, desencadeia a explosão da estação espacial.
       
       Informações importantes:
       1.  Esse foi o primeiro filme lançado (e no Brasil ficou inicialmente conhecido como Guerra nas Estrelas), mas, como se vê, conta a quarta parte da história.
       2.  A batalha que termina com a destruição da Estrela da Morte é conhecida como Batalha de Yavin.  Ela é marco cronológico: é comum um acontecimento ser situado antes ou depois dela, assim como fatos históricos são situados antes ou depois de Cristo.

Star Wars: Episódio V: O Império Contra-Ataca

       O Império encontra a nova base Rebelde, que é impiedosamente atacada por Vader e sua tropa.  Leia, Han Solo, Chewbacca e C-3PO fogem, e Luke e R2-D2 vão ao planeta Dagobah por sugestão de Obi-Wan Kenobi.  Lá, Luke conhece o exilado mestre Yoda (o mesmo do Episódio I), que decide treinar o jovem Skywalker.  Enquanto ele é treinado, Leia e Han, que se apaixonam um pelo outro, vão buscar refúgio na Cidade das Nuvens, do planeta Bespin, onde mora Lando, um velho amigo de Han.  Depois de algum tempo e de uma boa recepção, a princesa e o ex-contrabandista descobrem que Vader já havia chegado lá antes deles.  Leia é poupada e supostamente tem o direito de fugir; Han, contudo, é torturado por Vader para que Luke, através da Força, note o sofrimento do amigo e vá ao seu resgate, ou seja: a tortura de Han é uma armadilha para Skywalker.  Luke interrompe o treinamento contra a vontade de Yoda e Kenobi e enfrenta Vader, que faz uma revelação terrível.  No fim, Luke e Leia escapam, mas Han não: ele fora congelado para ser entregue a Jabba, um mafioso a quem Solo deve dinheiro.

Star Wars: Episódio VI: O Retorno de Jedi

       Luke, Leia, Chewbacca, Lando (o traidor), R2-D2 e C-3PO resgatam Han Solo.  Luke visita Yoda pela última vez.  O velho Jedi morre; depois, Luke tem uma conversa reveladora com Kenobi não só sobre Anakin Skywalker, mas também sobre sua irmã, que fora separada dele para que o imperador não os encontrasse.  Afinal, eram filhos do Escolhido, e portanto deviam ser uma ameaça em potencial ao mestre Sith que derrubara a República.
       Ciente da verdade, Luke se une à rebelião e, ao lado de Leia e Han, toma ciência dos últimos feitos da Aliança: Ela enviara espiões que descobriram que a nova Estrela da Morte, ainda inacabada, é protegida por um campo de força gerado a partir de uma base que fica numa lua de Endor, base essa a que espiões rebeldes tiveram acesso graças a um código que descobriram à custa das próprias vidas.  Os rebeldes entram em ação para destruir a base e assim permitir que naves da Aliança destruam a estação.  No entanto, isso não é tarefa fácil.
       Luke nota a presença de Vader e decide enfrentá-lo.  Os dois vão à Estrela da Morte, onde Luke conhece o imperador, que assiste ao duelo entre o jovem Jedi e o Sith.
       Morrem Vader e o imperador: este sendo mau até ao fim, aquele depois de arrepender-se e assumir sua verdadeira identidade: a de um Jedi (daí o subtítulo O retorno de Jedi).  Luke leva o cadáver do redimido Vader; logo em seguida, a segunda Estrela da Morte explode.
       Depois de cremar o corpo de Vader (num funeral que merecem os cavaleiros Jedi mortos), Luke se une a Han e Leia na comemoração da Aliança.  Toda a Galáxia comemora a morte do imperador.  Subentende-se que a rebelião finalmente conseguiu levar luz à galáxia, onde certamente fundará a Nova República.

       Curiosidades: 
       1.  O subtítulo Return of the Jedi deveria ter sido traduzido por O retorno dO Jedi, mesmo se não houvesse o the no original.
       2.  Durante as filmagens, espalhou-se o rumor de que o subtítulo do filme seria Revenge of the Jedi (A vingança do Jedi), mais parecido com o do Episódio III.

Star Wars: Episódio VII: O Despertar da Força

       George Lucas chegou a planejar nove filmes de Star Wars, mas desistiu da ideia e se contentou com seis.  Contudo, em 2012 vendeu os direitos da série para a Disney, que no mesmo ano anunciou o sétimo filme, cuja estreia será este ano (2015).  O novo filme será sucedido por outros dois.

Universo Expandido

       Todas as histórias que se passam anos antes do Episódio I ou depois do Episódio VI ou mesmo entre dois episódios da série formam o Universo Expandido, contado em livros, revistas em quadrinhos, séries, desenhos animados, livros (romances), etc.  Uma história que se passe 3000 anos antes da Batalha de Yavin, por exemplo, faz parte do UE, cuja canonicidade é sempre discutível.

(Duque de Caxias, em 28/2/2015, no Facebook.  [Última revisão: 19/12/2016.])

PAULO COELHO E JOSÉ SARAMAGO

       Prefiro ler o autor do Diário de um mago a ler José Saramago, autor português que admiro, mas que usou uma pontuação horrível.  O escritor brasileiro é muito injustiçado. Os críticos (entre os quais há os que nunca devem ter publicado um texto literário sequer) acusam-no de:

       a) divulgar um esoterismo barato, que diz ao leitor o que ele quer ler;

       b) e cometer erros de português.

Letra a:

       Ninguém nega que o autor brasileiro é esotérico. O problema está em que poucos veem que, antes de qualquer outra coisa, ele é um contador de histórias. Nunca se propôs ser um literato à altura de Machado de Assis. Portanto, deve ele ser avaliado dentro da sua proposta, proposta essa que nem sempre faz com que o público leia apenas o que quer saber. Veronika decide morrer, por exemplo, é um tapa na cara de dogmas cristãos e de certas convenções. Não é isso o que a boa literatura faz? Não é ela que causa no leitor um estranhamento e nele incute uma visão de mundo diferente? Detalhe: Paulo Coelho, que não se tem revelado nem amargo, nem revoltado, nem comunista, instiga, com o referido romance (baseado em fatos reais), reflexões que poucos autores me despertaram, e faz isso com uma pontuação muito melhor do que a usada por José Saramago, aclamado pelos críticos.

Letra b:

       Se o artista da palavra pode transgredir a gramática normativa em nome da criatividade, não faz sentido que Paulo Coelho seja tachado como sendo ignorante enquanto outros são vistos como inventivos que, com engenho, revolucionam a sintaxe. Tenho visto erros de professores da faculdade de Letras: já li, em textos seus, "trataM-se de", quando o correto é "tratA-se de". Já achei vírgula entre sujeito e verbo também. Afinal, como saber a diferença entre a "criatividade" e a ignorância? Desconfio dos professores da área de Letras; não vejo motivo para confiar nos conhecimentos gramaticais de críticos literários, que estão na mesma área.

       Paulo Coelho pode não produzir a melhor literatura, mas não vejo no trabalho de seus detratores a função do bom crítico: a de apontar as falhas do autor para que este melhore. Se Coelho produz e reproduz esoterismo em milhões de exemplares vendidos, se ele faz apenas fancaria literária, seus detratores são fanqueiros também: fanqueiros da crítica literária.

(Duque de Caxias, em 27/2/2015, no Facebook.)

VENENO GLOBAL

       A Rede Globo não faz questão de esconder que desaprova o ministro grego da economia.  Isso ficou evidente hoje, quando vi o "Bom[-]dia[,]Brasil".  Em verdade, a opinião negativa, que atinge não só o ministro, mas todo o governo, é do jornalista Renato Machado, que só pode levar ao ar o que a emissora aprova.
       "A Grécia", disse ele, "quer conciliar os cortes de gastos com o aumento dos investimentos em programas sociais."  E acrescentou: "Nós já vimos várias vezes essa história, uma história longa, e nem sempre dá certo."  Parece que qualquer intervenção voltada para os que realmente precisam de ajuda gera falta de confiança.  Se no poder estivesse um partido de direita com ideias levemente parecidas, não haveria a crítica.
       Irrita-me que uma empresa de comunicação brasileira solte veneno sobre a Grécia.  O medo de que no Brasil um governo de esquerda ganhe e faça o mesmo é inadmissível para a família Marinho.  A moda não pode ser espalhada, na visão dela.
       Não bastasse a desconfiança (disfarce para o temor de que a Grécia contagie o Brasil), o estilo do ministro foi alvo de comentário do jornalismo global, inspirado em publicações estrangeiras (a Globo é um macaco de imitação).  Renato Machado apontou o suposto fato de o ministro chamar mais atenção pelo estilo do que pelas ideias econômicas.   
       Não se pode esperar nada diferente de uma empresa em que a fantasiosa liberdade de imprensa garante a denúncia da corrupção como instrumento da democracia; de uma emissora que retrata o latifundiário como sendo alguém bonzinho e generoso só pode vir porcaria mesmo.
       Tomara que o novo governo grego tenha sucesso inegável.

(Duque de Caxias, em 24/2/2015, no Facebook.)

IDEIA PARA PROJETO DE LEI

       Deveria ser baixada uma lei que proibisse que advogados e delegados fossem chamados de doutores. É revoltante que tantos iletrados sejam tratados como se fossem indivíduos esclarecidos.

(Duque de Caxias, em 24/2/2015, no Facebook.)

IMPEACHMENT

       É de se esperar que um eleitor de direita diga que o regime venezuelano de Chaves era uma ditadura implantada por mecanismos da própria democracia. Apesar de ele ter chegado ao poder pela vontade popular, a premissa de que houve uma ditadura é verdadeira com o amparo de uma definição arbitrária (ou talvez apenas contextualizada) de regime ditatorial. Para reclamar de um governo que incomoda ou ameaça os interesses das classes média e alta, mencionam elas as falhas do sistema. "Chaves foi um ditador que chegou ao poder e nele permaneceu com a própria democracia", dizem elas. Mas quando uma pessoa sustenta que um impeachment, hoje, no segundo mandato da presidenta Dilma, é uma tentativa de golpe, logo se afirma, em defesa dele, que está previsto na Constituição e na democracia...

(Duque de Caxias, em 23/2/2015, no Facebook.)