domingo, 8 de março de 2015

PERGUNTA À POLÍCIA MILITAR

       Por que existem operações (leia-se: tiroteios) contra o tráfico de drogas apenas onde há pobres? Por que não invadem e não exterminam os usuários e traficantes de drogas das classes média e alta, cujo poder de compra é muito maior? É a imprensa que só mostra as ações policias em lugares pobres? Ou é a polícia que não prende os bandidos ricos?

(Duque de Caxias, em 28/2/2015, no Facebook.)

STAR WARS PARA LEIGOS

       Não deve ler este resumo quem viu e entendeu todos os filmes de Star Wars.  Mas, se você, que está lendo isto agora, confunde Jornada nas Estrelas com Guerra nas Estrelas, deve ler até ao fim.
       É preciso entender que Star Trek (Jornada nas Estrelas) nada tem que ver com Star Wars: esta série surgiu depois.  Em 1977 foi lançado o primeiro filme, que ao Brasil chegou em 1978.  Aqui recebeu o título Guerra nas Estrelas.
       Esse primeiro filme era, na verdade, o quarto episódio de uma série.  Era vontade de George Lucas, autor e diretor do filme, dar à película o subtítulo Episódio IV, mas a Fox não permitiu, pois achou que o público ficaria confuso.  Afinal, não havia filmes anteriores.
       Vieram duas continuações; assim, fez-se uma trilogia.  O segundo filme (de 1980) recebeu o subtítulo Episódio V, e o terceiro (de 1983), o subtítulo Episódio VI.  Em 1999, foi aos cinemas o Episódio I, sucedido pelos episódios II e III nos seis anos seguintes.

Star Wars: Episódio I: A Ameaça Fantasma

       Este filme, assim como os outros, NÃO se passa no futuro: sua história foi "há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante".  Nessa galáxia, há um regime político extremamente falho e corrupto: a República, com os três poderes: o executivo, na figura do Chanceler Supremo (na prática, um presidente) e na figura dos chefes dos sistemas e planetas (democraticamente eleitos), o legislativo, que exercem os senadores, e o judiciário.  
       A República era protegida pelos Cavaleiros Jedi, guardiões da paz e da justiça que usavam a Força, energia que lhes dava onisciência, premonições e a capacidade de mover objetos sem tocá-los.
       O pequeno planeta Naboo sofreu um bloqueio ilegal arbitrariamente imposto pela Federação do Comércio, armada até aos dentes.  A rainha, eleita pelo povo, não aceita.  Tudo teria sido resolvido por dois cavaleiros Jedi, Qui-Gon Jinn e seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, se estes não tivessem sofrido uma tentativa de assassinato na sede da Federação.  Depois de escaparem, tiram a rainha do planeta e vão, numa fuga muito perigosa, ao planeta Tatooine, destino indesejável em que acham um garoto especial de dez anos chamado Anakin Skywalker.  O mestre Jedi da dupla percebe que a Força é poderosa no garoto e decide treiná-lo.  Tomada a decisão, encontram um Sith, guerreiro de uma ordem que quer a destruição de todo Jedi.  Quando chegam à capital da República para denunciar ao congresso os abusos da Federação, a Rainha percebe que o senado, corrupto, não acredita nela.  Por sua vez, o Conselho Jedi, que valoriza muito as opiniões de mestre Yoda, um alienígena baixinho e verde com mais de 900 anos de idade, nega-se a aceitar Anakin por ouvir do ancião verde que o menino poderia ir para o lado negro da Força, embora ele possa ser o Escolhido, um sensitivo à Força de que fala uma antiga profecia.
       No fim, a Federação é derrotada, o mestre Qui-Gon Jinn morre lutando contra o Sith, chamado Darth Maul, e Anakin se torna discípulo do ex-aprendiz de Qui-Gon, Obi-Wan.  Ninguém sabe se o Sith derrotado era mestre ou aprendiz.  O provável era que o mestre de Darth Maul estivesse vivo, despercebido e inatingível como um fantasma...

       Ponto importante: O supremo chanceler é deposto e em seu lugar fica o senador Palpatine, do planeta Naboo (o mesmo planeta que sofreu o bloqueio da Federação do Comércio).

Star Wars: Episódio II: Ataque dos Clones

       Dez anos depois dos abusos da Federação, a República enfrenta um movimento separatista (de que faz parte a citada Federação), que pode usar  armas para estabelecer um novo governo.  O senado amplia os poderes do chanceler, que usa um exército de clones misteriosamente encomendado dez anos atrás para proteger a República.  Começa, assim, uma guerra civil que fará com que o senado perca muitos poderes.  Antes dela, o vaidoso e destemperado Anakin vê a mãe morrer na vida real (ele já previa a morte dela em sonhos).  Depois do início da guerra, casa com a senadora Padmé Amidala, ex-rainha de Naboo, ato proibido pelo Conselho Jedi, que não toma conhecimento do fato.
       
       Detalhes interessantes: 
       1.  Mostra-se a planta de uma construção esférica que é idêntica a uma estação espacial presente nos episódios III e IV.
       2.  O chanceler Palpatine diz assumir com "pesar" os poderes a ele concedidos pelo senado.  "Eu amo a República", diz ele, "eu amo a democracia".  Com isso tentou expressar que lamentava entrar em guerra.  Esse discurso é hipócrita: não convence mestre Yoda; e pode ser visto como crítica a Bush, que levou os E.U.A. à guerra contra o Iraque (o filme foi lançado em 2002).

Star Wars: Episódio III: A Vingança dos Sith

       Três anos após o início da Guerra dos Clones, ela está perto do fim.  No entanto, a Constituição foi dilacerada: fizeram-se muitas emendas, de modo que o chanceler se tornou muito poderoso e autônomo, características necessárias à rápida tomada de decisões de guerra, mas perigosas para a democracia.  A República se tornou o mal que ela jurara combater: a guerra enfraqueceu-a enquanto o chanceler Palpatine se fortaleceu.  O Conselho Jedi decide que, finda a guerra, ele será deposto; entretanto, Palpatine, com mentiras e veneno, manipula Anakin, que fica confuso e dividido.  O jovem Skywalker decide confiar no chanceler, pois só ele pode evitar que sua esposa, que está grávida, morra como acontece nos sonhos premonitórios que tem...
       Terminada a guerra, o chanceler, cujas decisões causaram a derrota dos separatistas, declara-se imperador e recebe o apoio do senado.  Todo Jedi é procurado e, quando achado, destruído por traição.
       No planeta vulcânico de Mustafar, Anakin luta com seu mestre, Obi-Wan, e tem as pernas e um braço cortados e o corpo carbonizado.
       O Imperador, que é o mestre Sith misterioso, a ameaça fantasma do Episódio I, tem um discípulo, que ajudou a aniquilar a ordem Jedi: Darth Vader, que não sabe que Padmé Amidala, mulher de Anakin, deu à luz o filho de Skywalker, Luke, antes de morrer de desgosto.
       Leia é adotada por Bail Organa, senador de Alderaan, e Obi-Wan Kenobi leva Luke para Tatooine, para o menino ser criado pelos tios sob a distante e discreta vigilância de Kenobi.
       
       Informação interessante: No DVD, há três cenas de cunho político muito reveladoras (que infelizmente foram excluídas do filme definitivo): em uma ou duas delas, um grupo de senadores pede que Padmé faça parte de uma ALIANÇA de senadores cujo objetivo deverá ser apenas garantir que o chanceler se comprometa formalmente a devolver os poderes que acumulou em virtude da guerra.  Isso, para o grupo, não é o mesmo que se unir ao combatido movimento separatista.  Na outra cena, o grupo, liderado pela senadora de Naboo, vai ao gabinete do chanceler para pedir que ele assine um acordo pelo qual ele iria se comprometer a restaurar a democracia depois da guerra, para que não fosse implantada uma ditadura civil que comandasse as forças militares.  O chanceler, porém, recusa-se a assinar o que for e diz que um compromisso feito de viva voz é suficiente para os senadores confiarem nele. 

Star Wars: Episódio IV: Uma Nova Esperança

       Dezenove ou vinte anos depois do surgimento do temível Império Galáctico, a Aliança Rebelde, também conhecida como a Aliança de Restauração da Velha República, ou simplesmente a Aliança, um grupo de subversivos que luta contra o Império, obtém dados técnicos da Estrela da Morte, uma estação espacial esférica do tamanho de uma lua capaz de destruir um planeta inteiro.
       À frente do roubo de dados esteve a princesa Leia Organa (que também é senadora do planeta Alderaan).  Infelizmente, Darth Vader, o mesmo Lord de Sith que assassinara cavaleiros Jedi, sequestrou a nave Tantive IV, em que Leia fugia.  Antes, porém, de encarar Vader, a princesa guarda os dados da Estrela da Morte na memória do robô R2-D2, que, acompanhado por C-3PO, vai a Tatooine, à procura de Obi-Wan Kenobi.
       Os robôs vão parar na fazenda de Luke Skywalker, que os leva ao velho Jedi.  Com a ajuda do rapaz e do contrabandista Han Solo e seu companheiro, Chewbacca, o velho toma o caminho para Alderaan, onde entregaria os planos da Estrela da Morte ao pai de Leia.  No entanto, o planeta havia sido destruído pela estação, e a nave de Solo é puxada pelo raio de tração da Estrela da Morte.  
       Nela, Kenobi enfrenta Vader, e Luke, Han, Chewbacca, R2-D2 e C3PO resgatam Leia.  Livre, a princesa se dirige à base secreta da Aliança, que fica numa lua de Yavin (Yavin 4), onde se analisam os dados da Estrela da Morte e se acha um ponto fraco, que, depois de atingido por um tiro de Luke, que usa a Força, desencadeia a explosão da estação espacial.
       
       Informações importantes:
       1.  Esse foi o primeiro filme lançado (e no Brasil ficou inicialmente conhecido como Guerra nas Estrelas), mas, como se vê, conta a quarta parte da história.
       2.  A batalha que termina com a destruição da Estrela da Morte é conhecida como Batalha de Yavin.  Ela é marco cronológico: é comum um acontecimento ser situado antes ou depois dela, assim como fatos históricos são situados antes ou depois de Cristo.

Star Wars: Episódio V: O Império Contra-Ataca

       O Império encontra a nova base Rebelde, que é impiedosamente atacada por Vader e sua tropa.  Leia, Han Solo, Chewbacca e C-3PO fogem, e Luke e R2-D2 vão ao planeta Dagobah por sugestão de Obi-Wan Kenobi.  Lá, Luke conhece o exilado mestre Yoda (o mesmo do Episódio I), que decide treinar o jovem Skywalker.  Enquanto ele é treinado, Leia e Han, que se apaixonam um pelo outro, vão buscar refúgio na Cidade das Nuvens, do planeta Bespin, onde mora Lando, um velho amigo de Han.  Depois de algum tempo e de uma boa recepção, a princesa e o ex-contrabandista descobrem que Vader já havia chegado lá antes deles.  Leia é poupada e supostamente tem o direito de fugir; Han, contudo, é torturado por Vader para que Luke, através da Força, note o sofrimento do amigo e vá ao seu resgate, ou seja: a tortura de Han é uma armadilha para Skywalker.  Luke interrompe o treinamento contra a vontade de Yoda e Kenobi e enfrenta Vader, que faz uma revelação terrível.  No fim, Luke e Leia escapam, mas Han não: ele fora congelado para ser entregue a Jabba, um mafioso a quem Solo deve dinheiro.

Star Wars: Episódio VI: O Retorno de Jedi

       Luke, Leia, Chewbacca, Lando (o traidor), R2-D2 e C-3PO resgatam Han Solo.  Luke visita Yoda pela última vez.  O velho Jedi morre; depois, Luke tem uma conversa reveladora com Kenobi não só sobre Anakin Skywalker, mas também sobre sua irmã, que fora separada dele para que o imperador não os encontrasse.  Afinal, eram filhos do Escolhido, e portanto deviam ser uma ameaça em potencial ao mestre Sith que derrubara a República.
       Ciente da verdade, Luke se une à rebelião e, ao lado de Leia e Han, toma ciência dos últimos feitos da Aliança: Ela enviara espiões que descobriram que a nova Estrela da Morte, ainda inacabada, é protegida por um campo de força gerado a partir de uma base que fica numa lua de Endor, base essa a que espiões rebeldes tiveram acesso graças a um código que descobriram à custa das próprias vidas.  Os rebeldes entram em ação para destruir a base e assim permitir que naves da Aliança destruam a estação.  No entanto, isso não é tarefa fácil.
       Luke nota a presença de Vader e decide enfrentá-lo.  Os dois vão à Estrela da Morte, onde Luke conhece o imperador, que assiste ao duelo entre o jovem Jedi e o Sith.
       Morrem Vader e o imperador: este sendo mau até ao fim, aquele depois de arrepender-se e assumir sua verdadeira identidade: a de um Jedi (daí o subtítulo O retorno de Jedi).  Luke leva o cadáver do redimido Vader; logo em seguida, a segunda Estrela da Morte explode.
       Depois de cremar o corpo de Vader (num funeral que merecem os cavaleiros Jedi mortos), Luke se une a Han e Leia na comemoração da Aliança.  Toda a Galáxia comemora a morte do imperador.  Subentende-se que a rebelião finalmente conseguiu levar luz à galáxia, onde certamente fundará a Nova República.

       Curiosidades: 
       1.  O subtítulo Return of the Jedi deveria ter sido traduzido por O retorno dO Jedi, mesmo se não houvesse o the no original.
       2.  Durante as filmagens, espalhou-se o rumor de que o subtítulo do filme seria Revenge of the Jedi (A vingança do Jedi), mais parecido com o do Episódio III.

Star Wars: Episódio VII: O Despertar da Força

       George Lucas chegou a planejar nove filmes de Star Wars, mas desistiu da ideia e se contentou com seis.  Contudo, em 2012 vendeu os direitos da série para a Disney, que no mesmo ano anunciou o sétimo filme, cuja estreia será este ano (2015).  O novo filme será sucedido por outros dois.

Universo Expandido

       Todas as histórias que se passam anos antes do Episódio I ou depois do Episódio VI ou mesmo entre dois episódios da série formam o Universo Expandido, contado em livros, revistas em quadrinhos, séries, desenhos animados, livros (romances), etc.  Uma história que se passe 3000 anos antes da Batalha de Yavin, por exemplo, faz parte do UE, cuja canonicidade é sempre discutível.

(Duque de Caxias, em 28/2/2015, no Facebook.  [Última revisão: 19/12/2016.])

PAULO COELHO E JOSÉ SARAMAGO

       Prefiro ler o autor do Diário de um mago a ler José Saramago, autor português que admiro, mas que usou uma pontuação horrível.  O escritor brasileiro é muito injustiçado. Os críticos (entre os quais há os que nunca devem ter publicado um texto literário sequer) acusam-no de:

       a) divulgar um esoterismo barato, que diz ao leitor o que ele quer ler;

       b) e cometer erros de português.

Letra a:

       Ninguém nega que o autor brasileiro é esotérico. O problema está em que poucos veem que, antes de qualquer outra coisa, ele é um contador de histórias. Nunca se propôs ser um literato à altura de Machado de Assis. Portanto, deve ele ser avaliado dentro da sua proposta, proposta essa que nem sempre faz com que o público leia apenas o que quer saber. Veronika decide morrer, por exemplo, é um tapa na cara de dogmas cristãos e de certas convenções. Não é isso o que a boa literatura faz? Não é ela que causa no leitor um estranhamento e nele incute uma visão de mundo diferente? Detalhe: Paulo Coelho, que não se tem revelado nem amargo, nem revoltado, nem comunista, instiga, com o referido romance (baseado em fatos reais), reflexões que poucos autores me despertaram, e faz isso com uma pontuação muito melhor do que a usada por José Saramago, aclamado pelos críticos.

Letra b:

       Se o artista da palavra pode transgredir a gramática normativa em nome da criatividade, não faz sentido que Paulo Coelho seja tachado como sendo ignorante enquanto outros são vistos como inventivos que, com engenho, revolucionam a sintaxe. Tenho visto erros de professores da faculdade de Letras: já li, em textos seus, "trataM-se de", quando o correto é "tratA-se de". Já achei vírgula entre sujeito e verbo também. Afinal, como saber a diferença entre a "criatividade" e a ignorância? Desconfio dos professores da área de Letras; não vejo motivo para confiar nos conhecimentos gramaticais de críticos literários, que estão na mesma área.

       Paulo Coelho pode não produzir a melhor literatura, mas não vejo no trabalho de seus detratores a função do bom crítico: a de apontar as falhas do autor para que este melhore. Se Coelho produz e reproduz esoterismo em milhões de exemplares vendidos, se ele faz apenas fancaria literária, seus detratores são fanqueiros também: fanqueiros da crítica literária.

(Duque de Caxias, em 27/2/2015, no Facebook.)

VENENO GLOBAL

       A Rede Globo não faz questão de esconder que desaprova o ministro grego da economia.  Isso ficou evidente hoje, quando vi o "Bom[-]dia[,]Brasil".  Em verdade, a opinião negativa, que atinge não só o ministro, mas todo o governo, é do jornalista Renato Machado, que só pode levar ao ar o que a emissora aprova.
       "A Grécia", disse ele, "quer conciliar os cortes de gastos com o aumento dos investimentos em programas sociais."  E acrescentou: "Nós já vimos várias vezes essa história, uma história longa, e nem sempre dá certo."  Parece que qualquer intervenção voltada para os que realmente precisam de ajuda gera falta de confiança.  Se no poder estivesse um partido de direita com ideias levemente parecidas, não haveria a crítica.
       Irrita-me que uma empresa de comunicação brasileira solte veneno sobre a Grécia.  O medo de que no Brasil um governo de esquerda ganhe e faça o mesmo é inadmissível para a família Marinho.  A moda não pode ser espalhada, na visão dela.
       Não bastasse a desconfiança (disfarce para o temor de que a Grécia contagie o Brasil), o estilo do ministro foi alvo de comentário do jornalismo global, inspirado em publicações estrangeiras (a Globo é um macaco de imitação).  Renato Machado apontou o suposto fato de o ministro chamar mais atenção pelo estilo do que pelas ideias econômicas.   
       Não se pode esperar nada diferente de uma empresa em que a fantasiosa liberdade de imprensa garante a denúncia da corrupção como instrumento da democracia; de uma emissora que retrata o latifundiário como sendo alguém bonzinho e generoso só pode vir porcaria mesmo.
       Tomara que o novo governo grego tenha sucesso inegável.

(Duque de Caxias, em 24/2/2015, no Facebook.)

IDEIA PARA PROJETO DE LEI

       Deveria ser baixada uma lei que proibisse que advogados e delegados fossem chamados de doutores. É revoltante que tantos iletrados sejam tratados como se fossem indivíduos esclarecidos.

(Duque de Caxias, em 24/2/2015, no Facebook.)

IMPEACHMENT

       É de se esperar que um eleitor de direita diga que o regime venezuelano de Chaves era uma ditadura implantada por mecanismos da própria democracia. Apesar de ele ter chegado ao poder pela vontade popular, a premissa de que houve uma ditadura é verdadeira com o amparo de uma definição arbitrária (ou talvez apenas contextualizada) de regime ditatorial. Para reclamar de um governo que incomoda ou ameaça os interesses das classes média e alta, mencionam elas as falhas do sistema. "Chaves foi um ditador que chegou ao poder e nele permaneceu com a própria democracia", dizem elas. Mas quando uma pessoa sustenta que um impeachment, hoje, no segundo mandato da presidenta Dilma, é uma tentativa de golpe, logo se afirma, em defesa dele, que está previsto na Constituição e na democracia...

(Duque de Caxias, em 23/2/2015, no Facebook.)

IRRITANTE ADJACENTE

À espreita sempre está,
Com o nariz no muro.
Muita raiva isso me dá;
Não sei se vai passar.
Amiga sei eu que não é;
Paz não tem;
Encoberto o veneno vem.

Idade não é tudo,
É o que a vida me diz;
Posso eu a encarar,
Discutir se eu quiser;
E se isso não lhe convier, pela dor,
Deixe o bico fechado.

Eu já não aguento mais.
(Aos berros) manda, como bem quer.
Na sua casa bem que vai, mas
Sem intrometer
O nariz em ambos quintais.

Não me venha reclamar,
Que o ódio nasce em mim.
Árvore não vou podar:
Deve ela se expandir.
E a sua opinião
Você pode enfiar
Onde não bate o sol.

Tenho bem mais a dizer
Do que você, que tão só quer
Intriga usando
Essa incontida língua,
Em queixa sem cabeça nem pé.

À espreita sempre está,
Com o nariz no muro.
Muita raiva isso me dá;
Não sei se vai passar.
Posso eu a encarar,
Discutir se eu quiser;
E se isso não lhe convier, pela dor,
Deixe o bico fechado.
Irrita-me a sua voz:
Discórdia entre nós.
Num embate
Enfie a opinião
Onde o sol não bate.


(Duque de Caxias, 15/2/2015.)

ONDE ESTÁ A EVOLUÇÃO DA LÍNGUA?

       Não foi comprovada a teoria de Darwin (e por isso mesmo é uma teoria). O kardecismo, importado e assimilado da França pelo Brasil (país cuja elite adora importar e macaquear cultura estrangeira) não prova a evolução do espírito, embora postule que ela existe. Por que haveríamos de aceitar que a língua muda para melhor? Antes do classicismo, por exemplo, não havia a forma feminina "senhora": os trovadores se referiam à sua "senhor". Hoje, temos de fazer mais esforço físico e intelectual na hora de falar ou escrever, pois temos de produzir um "a" que antes era desnecessário. Isso não é evolução, não é mudar para melhor: é degenerescência. Quando os professores deixarão de falar em evolução (juízo de valor) para falar apenas em variação (constatação da realidade)?

(Duque de Caxias, em 15/2/2015, no Facebook.)

DOS QUE CRITICAM O BIG BROTHER BRASIL

       É iletrada a maioria dos críticos do reality show exibido pela Rede Globo, embora muitos deles, segundo leio, prefiram ler livros a ver o que acontece na casa. Quando têm a oportunidade, compartilham mensagens em que se pede o fim do programa. As opiniões que emitem só atestam a sua ignorância e dão margem a que um observador um pouco mais atento deduza que só veem nos participantes do programa, tão condenados, os próprios vícios. Muito dificilmente algum crítico revela uma sólida base de leitura e erudição. Em verdade, pensando que estão acima da burrice, do chulismo e da ignorância dos "pobres coitados" que assistem ao BBB, os que falam mal dele só se revelam vulgares e ignorantes. Talvez alguém devesse dar de presente a eles o romance O caso dos dez negrinhos, de Agatha Cristie, ou, para os pedantes que dizem não precisar de traduções, Ten Little Nigers.

(Duque de Caxias, em 15/2/2015, no Facebook.)

A QUEM PRETENDA FAZER UMA QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO PARA UM EXAME VESTIBULAR COM BASE NUM TEXTO MEU

Senhor professor doutor de banca elaboradora:
Peço que me faça a gentileza
De não se meter na hermenêutica
Do texto meu: gente vestibulanda já é sofredora.

No momento em que faço este discurso,
Confiando na Ecdótica, sou apenas um amador
Que, no duro trabalho de compor,
Não quer sua “literatura” num estúpido concurso.

Grita a minha vaidade:
“Este rapaz será escritor!”.
Depois de morto, será essa a realidade?

Se, mesmo eu morto, ignorar minha vontade,
Se tiver o orgásmico prazer de sua visão impor,
Meu fantasma aparecerá para dizer: “Não é dono da verdade!”.

(Duque de Caxias, 10/2/2015.)


INSEGURANÇA

Na miséria se vive e com dor se pode morrer.
Morrerei com o crânio atingido por uma bala?
Se sim, cairá meu cadáver numa vala,
Onde começará a apodrecer?

E os canivetes dos assaltantes?
E a direção letal?
Carros quebram ossos de ateus e cristãos na fatal
Ação do álcool ao volante.

Existe o coquetel, mas... Morrerei de Sida?
Basta um corte, um rasgo de má sorte,
Para o prelúdio do fim, que começa pela própria vida.

Mas a vida, já de si tão complicada, neste universo violento,
Pior se torna a quem lamentando e temendo a porte.
Mas como podemos ser seguros neste mundo tão turbulento?


(Duque de Caxias, 10/2/2015.)

BURROCRACIA

(A Isabel Allende e Paulo Freire.)

Papéis atestam a burrice humana:
Cada um cumpre a função que lhe cabe
Com o cabresto ideológico que já se sabe:
O mérito é o caminho do alto da montanha...

Montanha de alvenaria com gramado e piscina,
Onde o cristão convicto, cidadão modelo, guarda o carro.
Sua família merece comercial de margarina.
Para seu orgulho, mas também desagrado, é tudo caro.

Tudo se conquista, tudo se compra;
Mas os pobres-diabos do submundo,
Carentes de justiça (que não é caridade), ficam nas sombras.

Mudança?  Diz-se, com fatalismo, que não é possível;
Mas dum miserável diz-se que o trabalho melhora o curso.
Incoerência!  Meritocracia no discurso, mas não no mundo factível.


(Duque de Caxias, 10/2/2015.)

CONTRASSENSOS



Bandidos perseguem bandidos;
Estes sem uniforme; aqueles fardados.
Em liberdade falam os jornais, autocensurados
E pagos por quem neles propaga produtos vendidos.

Comentam, em tom de lamento, na televisão, o pânico e a ansiedade,
Dissertam, com certo espanto, sobre a hipocondria;
Mas sempre divulgam suas causas: as humanas covardias,
Tão urbanas quanto as bactérias da cidade.

Faz-se campanha para doar sangue,
Líquido da vida lembrado em morte.
Mas ressaltam que a Sida é transmissível pelo transplante.

Qual a explicação disso tudo?
Ah, é o caos cósmico, é a dualidade azar-sorte,
Que dita a estupidez humana, assim como dita o natural mundo.

(Duque de Caxias, 10/2/2015.)


SOBRE OS FRACASSOS NA PROVA DE REDAÇÃO DO ENEM DE 2014

       Ninguém há de negar que o Brasil precisa de um sério reforço no ensino de leitura e produção de texto.  À luz do que aconteceu na prova de Redação do Enem do ano passado, não basta encarar o fato de que 500.000 redações levaram zero como sendo só mais um derivado da inépcia de estudantes, como se eles fossem os principais responsáveis pelos resultados ou como se cada um dos que receberam zero fosse indubitavelmente um péssimo redator.  É preciso entender que, quando se trata de notas da prova discursiva do exame, não se deve questionar apenas a falta de habilidade de candidatos: é preciso analisar também os critérios de correção estabelecidos pelo INEP, nem sempre seguidos à risca pelos alunos e pelos professores que atribuem notas às redações, e o método com que se treinam os estudantes, que não recebem sempre as melhores orientações nem aulas cujo conteúdo lhes proporcione conhecimentos básicos e genéricos e instigue a criatividade.
       Mesmo que um aluno escreva muito bem, pode ele receber zero desrespeitando os direitos humanos.  Para isso, basta, por exemplo, que ele proponha a implantação da pena de morte (intervenção a que o tema da última prova muito dificilmente poderia ser ligado).  Há outros motivos que podem fazer com que bons redatores levem zero, como um bom texto de menos de oito linhas; entretanto, de nenhum deles cogitam os jornalistas e os pais iletrados que se queixam da baixa qualidade do ensino das escolas públicas (comprovada por exames do IDEB para favorecer as escolas particulares), mas que não se detêm para ler um livro ou para escrever um bom texto em casa, lugar em que devem ser dados bons exemplos.  (Se eles se detivessem para tais atividades, obviamente não seriam iletrados, pelo menos não tanto quanto agora.) 
       Outro fator de fracasso a ser considerado são as orientações e o próprio conteúdo das aulas de Redação.  Parece que muitos professores passam certas teorias sobre tipologias e gêneros textuais (muito importantes) seguidas de recomendações que contemplam especificidades da banca examinadora do Enem.  Nada disso, porém, alcança bons resultados, porque os vários alunos que não leem livros dificilmente produzirão bons textos, e os que leem romances e compêndios não são obrigatoriamente bons escritores: precisam de treino, de prática de redação.  Contudo, depois de serem "fuzilados" com prescrições, veem-se participando de debates, como se devessem se preparar para uma prova de oratória, embora o objetivo seja tirar uma boa nota na prova de Redação, em que, como o nome já diz, o discente deve redigir em vez de falar.  Será que se perdeu a noção de que a fala e a escrita são formas completamente diferentes de manifestação do pensamento?
       Algumas orientações dos professores que querem o sucesso dos alunos no Enem não têm razão de ser.  Um exemplo é aquela segundo a qual não se deve criticar o governo.  Segundo os mestres que isso dizem, críticas a ele motivam o avaliador a dar nota zero, apesar de o Guia do Estudante feito pelo INEP não dizer isso.  E quem o afirma pode fazer parte da banca que avalia as redações do Enem...  Por que se usa esse critério?  Levantam-se as seguintes hipóteses: Há hierárquicas imposições verbais aos avaliadores que os façam analisar os textos de forma tão inaceitável?  Se sim, é por causa delas que certas composições recebem notas mais ou menos altas?  Não bastasse a norma descabida de não aceitar críticas ao governo, não há nada que faça com que o aluno tenha o desejo de escrever ou de sustentar um ponto de vista (que pode muito bem não ser o seu, já que todo indivíduo pode escrever um texto do ponto de vista de outra pessoa, com ou sem marcas da pessoalidade; por isso um aluno que seja a favor da pena de morte, por exemplo, pode condená-la num escrito).  Em verdade, não há um conteúdo curricular voltado para a produção de bons textos de forma geral: há apenas um adestramento sem incentivo à criatividade.  O básico não é ensinado em sala de aula, onde o professor não lê um texto seu, onde não divulga um artigo de opinião própria (o que quer dizer que não dá o exemplo provando que é capaz de argumentar num texto escrito).  Sem a base formada com a leitura e a criatividade, necessárias quando o objetivo é escrever bem de forma geral para depois entender as exigências de um concurso, de que adiantam a teoria e as prescrições voltadas para os critérios específicos desta ou daquela banca?
       É praticamente inevitável que os leigos, que são a maioria da massa que assiste aos telejornais, sempre critiquem a incompetência de estudantes (entre os quais podem estar os próprios filhos dos críticos improvisados e aparentemente desprovidos da capacidade de incluí-los entre os fracassados ou entre os que quase levaram zero).  Diante do exposto, os pais devem entender que bons escritores podem, deliberadamente ou não, tirar zero, mesmo quando fornecem um texto bem construído.  E a crítica à inépcia e ao péssimo resultado de alunos deve dar lugar à crítica à sua origem: a falta de bons exemplos e de boas orientações em casa e em sala de aula, onde também há a carência de bons métodos.  Resta saber se essas mazelas são de responsabilidade apenas dos professores ou de um sistema que os massacra e impossibilita o aprimoramento deles, hipótese esta que é a mais provável.  Mas é certo e inquestionável isto: As mudanças necessárias à prevenção de outros 500.000 textos com zero num total de 6 milhões devem ser verticais, de cima para baixo.  Os alunos, a parte de baixo, ainda são as vítimas, e não os culpados.

(Duque de Caxias, em 8/2/2015, no Facebook.)

CONSIDERAÇÕES SOBRE GTA

 
CONSIDERAÇÕES SOBRE GTA


         “As relações entre a arte e a moral são análogas às entre a arte e a ciência.  (...)
       Um poeta que canta, elogiando, o roubo, não fará com isso um bom poema; nem o fará um poeta moderno a quem lembre cantar o curso do sol à volta da Terra, que é uma cousa falsa.”  (Fernando Pessoa, Obras em prosa.  Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986 (6ª reimpressão da 1ª edição), p. 223.)

       Desde que a liberdade de expressão passou a ser fervorosamente defendida como a garantia de que toda mensagem, por mais escandalosa que seja, está acima de qualquer obstáculo à sua difusão, ficou difícil distinguir a censura tirânica da que é sensata e necessária quando a linguagem é usada para a difusão de obscenidades e de transgressão.  É assim com o cinema, é assim com os videojogos, dos quais GTA causa polêmica pelo conteúdo estúpido e abominável.
       Causam espanto as decisões tomadas pelo jogador, que atira e mata levianamente.  Embora seja possível dizer que, quando controla a personagem, está ele realizando no mundo ficcional crimes de forma socialmente aceitável por não prejudicar a sociedade real, o que, tanto do ponto de vista metafísico como do ponto de vista psicológico, constituiria a catarse (purificação) da alma, repleta de desejos antissociais, é preciso saber o motivo por que pessoas fazem a catarse justamente com GTA, e não com outros jogos.  Identificar-se-iam com criminosos?
       É preocupante a identificação que o jogador estabelece, sobretudo se ele é um brasileiro que vive numa comunidade reconhecidamente pobre e dominada por criminosos (fardados ou não).  À luz da teoria de que o que se vê e o que se ouve moldam o inconsciente, supostamente ditador de muitas ações humanas, que se pode dizer de um simulador de roubos e assassinatos que proporciona a crianças (não se respeita a censura mascarada com a rubrica da classificação indicativa ou coisa perecida) e adultos um aprendizado que não idealizariam nem as melhores escolas do crime concentradas nas prisões? (das quais a legislação protege as crianças).
       Estão corretos os que, como eu, não veem beleza no jogo da Rock Star, ainda que exagerem nos argumentos de condenação, que, aliás, mesmo quando não são exagerados, são refutáveis.  Comparar a influência de GTA à da propaganda, por exemplo, é apresentar fraco argumento, porque esta se consolidou com a autopropaganda, que tornou invisível a verdade de que as pessoas compram produtos por necessidade, e não por verem anúncios caros e fantasiosos.  Contudo, não se trata de dizer qual argumento é mais forte, mas sim de fazer com que jogadores enxerguem que GTA prejudica a imagem dos jogos aos olhos dos leigos, entre os quais há os que poderiam lutar pela diminuição de impostos sobre eles, que são uma arte e uma indústria tão bonitas quanto o cinema e o teatro.
       Já chegou a hora de pararem de censurar a censura para que seja possível uma restrição maior ao faz de conta de GTA, que tem ofuscado jogos de bom gosto, jogos esses que estão de acordo com certos padrões éticos.  Quando internalizados, permitem eles a melhor censura possível: a que o próprio jogador faz a si mesmo antes de comprar porcarias ou nelas se viciar.

       (Duque de Caxias, em 5/2/2015, no Facebook.  Últimas alterações feitas em Teresópolis, em 4/12/2015.)

INCLINAÇÃO PARA TER PENA

A pena tirou a vocação para a enxada,
Destino dos que, como eu, vivem no que eu não mato.
Infeliz é aquele que, no coercitivo trato
Das palavras, não tira nem a mínima paga.

Carteira assinada? Talvez precise, mas não a quero, não.
Trabalhar como explorado peão do ensino?
Bem, quem escapa ao social determinismo?
Dos avarentos vem miserável remuneração.

Ócio para leituras e escrituras me tiram os trabalhos,
Tristes afãs de muitos pobres,
Garantias de conforto de poucos afortunados.

Contudo, mesmo como escravo,
“Tenho febre e escrevo” como pode
Quem, apesar da exploração, não abraçou o braçal trabalho.

(Duque de Caxias, 5/2/2015.)


O DRAMA DIVIDIDO EM TRÊS ATOS CUJA ÚLTIMA PARTE ÉDIPO EVITOU


Na aurora, engatinha,
Sem liberdade, com vigilância.
A responsabilidade é impingida
Quando anda, na infância.

Bem antes do meio-dia, vêm os conflitos
E o aumento da pressão.
A fase é pretexto para exigentes pedidos
E motivo de reprovação.

No início do entardecer,
Contas, contas e mais contas.
Vive-se para trabalhar. Como trabalhar para viver?

Onde está a Justiça, cega, no fim da tarde,
Para proteger o moribundo explorado no crepúsculo que desaponta?
Mais fácil do que envelhecer é furar os olhos para negar a vista realidade.


(Duque de Caxias, 1/2/2015.)

DARUNIA

Ninguém é imune à escuridão:
Dela também padecem os sábios.
Se em flor da idade murcha nobre coração,
Dos espinhos da vida se liberta a alma fácil.

No meio do caminho encontrou e carregou pesada pedra.
Dura é a vida de quem tem tão grande espírito.
Sem a insuportável vida minada, que não mais carrega,
Brilhará a chama d'alma cheia de alívio.

Triste destino, grande sensibilidade!
Será sábio o fogo por se apagar
Com os ventos da tempestade?

Há de ser sábio e sempre aceso,
Mesmo que a Canção de Saria não o possa instigar.
Celebre-se a vida de Darunia, apesar de seu avesso.

(Duque de Caxias, 29/1/2015.)

EXPLICAÇÕES

       O poema acima é uma homenagem a Bruno, fã e estudioso de The Legend of Zelda. Por isso criou a página Hyruleanos e um canal no YouTube.
       Darunia, personagem que escolheu como avatar, vive na Cidade dos Gorons.
       Os Gorons são criaturas amistosas comedoras de pedra. Chantageados por Ganandorf, o vilão da história, veem em Link, o herói, a esperança de desubstruir a Caverna Dodongo, principal fonte de pedras e, portanto, de alimentos, bloqueada pelo malfeitor, que queria o Rubi Goron, tesouro maior do povo liderado por Darunia.
       Link só descobre tudo isso depois de encontrar Darunia, que só conversa com o herói depois que este lhe cura a depressão tocando a Canção de Saria.
       Sete anos depois de conhecer Link, Darunia desperta como Sábio do Fogo e dá a ele o Medalhão do Fogo, para que o protagonista vença Ganondorf.
       Ninguém subestime a depressão, característica de Bruno e Darunia. E ninguém os censure: merecem compreensão e homenagem.
       Apesar de eu só ter tomado conhecimento de sua existência depois da notícia de sua morte, senti a necessidade de escrever, porque eu me identifiquei com ele.
       Espero que a família dele possa achar algum consolo e que seu legado seja perpetuado.