domingo, 8 de março de 2015

A HISTÓRIA DE CARÁTER SUBVERSIVO DE FINAL FANTASY VII

       Para entender o enredo e as premissas da história de Final Fantasy VII, não é preciso jogar outros jogos da série Final Fantasy, iniciada em 1987 pela Square (atual Square-Enix).  O nome é uma marca, e, apesar de semelhanças, os jogos são histórias independentes.
       Destaca-se Final Fantasy VII por uma série de motivos.  Seu tema é a vida, e seus conflitos são os de cunho existencial, ecológico, político e econômico.
       Era uma vez um grupo que ia de planeta a planeta.  Um dia, decidiu se fixar em um específico.  Mais tarde, os componentes desse grupo, outrora nômade, ficariam conhecidos como Cetras e também como Os Antigos.  Tinham a capacidade de conversar com o Planeta, cuja energia vital, o Lifestream (Corrente da Vida), também conhecido como energia Mako, passava pelas fronteiras entre a vida e a morte.  Rezava a lenda que, um dia, chegariam à Terra Prometida, cujos portões só os Cetras (ou Os Antigos) poderiam abrir. Lá, encontrariam quantidade infinita de Lifestream.
       Um dia veio ela: Jênova, a Calamidade dos Céus.  Vinha do Cosmo para limpar o universo extirpando o que ela achava que devia eliminar.  Tentou eliminar os Cetras, mas não conseguiu.  Foi derrotada.  O corpo de Jênova, então, ficou no Planeta.  (Se sua consciência se uniu ao Lifestream, não tenho certeza, mas acho que não.)
       Passou o tempo (na verdade, passaram séculos), Os Antigos foram morrendo, até restar apenas uma Cetra, que deu à luz Aerith, que se tornaria uma vendedora de flores num mundo dominado pela tecnologia da empresa Shinra e habitado pela raça humana (cuja aparência é idêntica a de Aerith, a última Cetra).
       É importante falar de Shinra, uma companhia localizada na cidade de Midgar que extraía o Lifestream para fornecer energia às máquinas (como acontece com o petróleo) e fabricar Matérias, esferas que podiam ser usadas para a magia e invocações.  Quando o Lifestream era condensado e depois solidificado, transformava-se em Matéria.
       A Shinra deu à população relativo conforto, apesar de ter proporcionado também desigualdade.  Com espiões da equipe Turks e os militares de baixa e alta patentes, Shinra construiu um verdadeiro império, de modo que ficou impossível não atribuir a ela o poder de Estado.  Ela estava danificando o Planeta, já que estava drenando o "sangue" dele, mas não se importava.
       Um grupo "terrorista" chamado Avalanche decidiu pôr fim nas atividades ecologicamente incorretas da empresa.  Cloud, que se dizia um ex-militar de alta patente de Shinra, decidiu ajudar Avalanche em troca de pagamento.  A história começa com a implantação de uma bomba num dos reatores de Shinra...
       Depois de começar a lutar contra a companhia, Cloud conhece Aerith, que é sequestrada pela empresa, que quer que a Cetra abra os portões da Terra Prometida para a companhia ter uma fonte de Lifestream e lucro infinitos...
       Há outro problema: Sephiroth (Sefira, se houvesse tradução oficial), que contém células de Jênova, decide destruir a humanidade...  As células haviam sido implantadas em Sephiroth quando ele ainda estava no ventre de Lucrécia.
       Fico me perguntando se não existiria, em algum lugar distante do universo, um planeta consciente.  Final Fantasy VII explora o animismo e o panteísmo, aos quais adiciona influências claramente bíblicas e um discurso ecológico, que, por apresentar como sendo disfórica (não digna de celebração) a exploração do Planeta, torna lógica a subversão do grupo Avalanche, que luta contra o sistema e que é mal visto pelos meios de comunicação. 
       Por fim, a questão da vida permeia todas as outras.  Infelizmente, a ciência diz que não tem razão de ser a seguinte pergunta: Depois da morte, a consciência pode se unir ao planeta ou a uma forma de energia?

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