domingo, 8 de março de 2015

INCLINAÇÃO PARA TER PENA

A pena tirou a vocação para a enxada,
Destino dos que, como eu, vivem no que eu não mato.
Infeliz é aquele que, no coercitivo trato
Das palavras, não tira nem a mínima paga.

Carteira assinada? Talvez precise, mas não a quero, não.
Trabalhar como explorado peão do ensino?
Bem, quem escapa ao social determinismo?
Dos avarentos vem miserável remuneração.

Ócio para leituras e escrituras me tiram os trabalhos,
Tristes afãs de muitos pobres,
Garantias de conforto de poucos afortunados.

Contudo, mesmo como escravo,
“Tenho febre e escrevo” como pode
Quem, apesar da exploração, não abraçou o braçal trabalho.

(Duque de Caxias, 5/2/2015.)


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